*Rev. Augustus Nicodemus Lopes
Nesta
época do ano celebra-se a Páscoa em toda a cristandade, ocasião que só
perde em popularidade para o Natal. Apesar disto, há muitas concepções
errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da palavra hebraica pessach que
significa “passar por cima”, uma referência ao episódio da Décima Praga
narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte “passou por cima”
das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar
os primogênitos.
A
razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem
de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas.
Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela mesma
noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de
escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do
evento. Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos
judeus, sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e
pães sem fermento.
Jesus
Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração de uma delas em
Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo, após o
sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na
sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou
no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na
quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto Jesus, como todos
os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus discípulos em
Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não mais a
páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos
simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de
muitos – uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto,
cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa judaica. Para nós, era
simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, cujo sangue impede
que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos comem pão e
bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do ano,
mas durante o ano todo.
A
Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um
dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num domingo
que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos
com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no
domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido
em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de
Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele
creem.
Por
fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao
evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver
com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada
pelos cristãos.
Em
termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes atitudes para com
as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1) rejeitá-las
completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e
mercantilismo que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente
como parte da cultura brasileira; (3)
usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa. Eu opto por
esta última, pois a primeira é por demais reacionária e enfoca nos
elementos pagãos da ocasião em detrimento dos elementos cristãos em sua
origem. A segunda traz confusão, especialmente para nossos filhos, na
cabeça de quem páscoa é coelho e ovo. Na última opção podemos aproveitar
a ocasião para explicar, pregar, publicar e anunciar a quem pudermos o
que a Páscoa significa."
Eu opto por esta última.
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