04/04/13

Qual deve ser a posição de escolas evangélicas sobre a Páscoa?

Por presb. Solano Portela*
 
Na Páscoa, procuramos relembrar o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário e a sua gloriosa ressurreição, vencendo a morte e assegurando a salvação para o seu povo.
 
A páscoa, é, na realidade, um feriado judaico e não cristão. No entanto, a ocasião está intimamente ligada à celebração da Santa Ceia e nos remete à morte e ressurreição de Cristo e às promessas de sua segunda vinda. Assim, a Páscoa tem feito parte de calendários cristãos de um grande segmento do povo de Deus, inclusive de reformadores, como Calvino.
 
Em Genebra os magistrados determinaram que a Ceia fosse celebrada no Natal, na Páscoa, no Pentecostes e na Festa das Colheitas [Vd. John Calvin, “To the Seigneurs of Berne”, John Calvin Collection, [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Software, 1998), nº 395, p. 163. Vd. também: William D. Maxwell, El Culto Cristiano: sua evolución y sus formas, p. 141].
 
Menção à Páscoa é também feita em outros documentos reformados como no Catecismo de Heidelberg (Pergunta 45) e na decisão do Sínodo de Dordt (1578), onde lemos: “... considerando que outros dias festivos são observados pela autoridade do governo, como o Natal e o dia seguinte, o dia seguinte à Páscoa, e o dia seguinte ao de Pentecostes, e, em alguns lugares, o Dia de Ano Novo e o Dia da Ascensão, os ministros deverão empregar toda a diligência para prepararem sermões nos quais eles, especificamente, ensinarão a congregação as questões relacionadas com o nascimento e ressurreição de Cristo, o envio do Espírito Santo, e outros artigos de fé direcionados a impedir a ociosidade”.
 
Além disso, a celebração da Páscoa fornece aos evangélicos um “gancho” e oportunidades para a veiculação da mensagem cristã, mencionando a morte e a ressurreição de Cristo, em ações de evangelização.
 
O que dizer de diferentes símbolos, guloseimas e celebrações seculares que são comuns, nessa época? Deve uma escola cristã emitir ou ter um posicionamento fechado quanto a esses detalhes? Uma escola cristã deve prezar a sua confessionalidade, considerando-a básica para a formação da sua filosofia educacional e da cosmovisão pela qual o mundo e as realidades espirituais são compreendidas, sempre firmada na revelação especial – a Palavra de Deus.
 
Nesse sentido, a escola cristã deve procurar se divorciar do apoio aos apelos consumistas (nessas e em outras datas) e de simbologias que podem ser aberrantes, ainda que tradicionais. No entanto, a escola cristã não desconhece que abriga crianças e famílias de todas as culturas e credos.
 
Assim, não pode firmar frente cerrada contra a orientação das famílias, às quais cabe a compreensão e a tomada de decisão própria da persuasão que estarão transmitindo aos seus filhos.
A escola cristã, também, não procura avançar na esfera da igreja, à qual cabe a instrução doutrinária detalhada àqueles que estão ligados a ela de forma voluntária e por convicção de uma fé comum, ainda que, em suas celebrações religiosas possa e deva fazer referência, sem apologias, ao trabalho redentor de Cristo Jesus.
 
Resumindo, a escola cristã necessita educar os seus alunos em todos os aspectos da cultura, sem rendição a interpretações e ideologias que contrariam os valores e princípios cristãos, mas sem assumir a obrigação, como instituição, do convencimento religioso.
 
Esse convencimento, ou conversão, é almejada e administradores e professores cristãos devem, legitimamente, estar em oração e súplicas, pedindo a Deus que ele utilize o testemunho de vidas, a excelência acadêmica, a fidelidade aos fatos da história e a precisa exposição do universo na realização de sua obra de chamamento pessoal.
 
*Presb. Solano Portela é escritor e membro da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro.

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