Por presb. Solano Portela*
Na
Páscoa, procuramos relembrar o sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do
Calvário e a sua gloriosa ressurreição, vencendo a morte e assegurando a
salvação para o seu povo.
A
páscoa, é, na realidade, um feriado judaico e não cristão. No entanto, a
ocasião está intimamente ligada à celebração da Santa Ceia e nos remete
à morte e ressurreição de Cristo e às promessas de sua segunda vinda.
Assim, a Páscoa tem feito parte de calendários cristãos de um grande
segmento do povo de Deus, inclusive de reformadores, como Calvino.
Em
Genebra os magistrados determinaram que a Ceia fosse celebrada no
Natal, na Páscoa, no Pentecostes e na Festa das Colheitas [Vd. John
Calvin, “To the Seigneurs of Berne”, John Calvin Collection, [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Software, 1998), nº 395, p. 163. Vd. também: William D. Maxwell, El Culto Cristiano: sua evolución y sus formas, p. 141].
Menção à Páscoa é também feita em outros documentos reformados como no Catecismo de Heidelberg (Pergunta 45) e na decisão do Sínodo de Dordt (1578), onde lemos: “...
considerando que outros dias festivos são observados pela autoridade do
governo, como o Natal e o dia seguinte, o dia seguinte à Páscoa, e o
dia seguinte ao de Pentecostes, e, em alguns lugares, o Dia de Ano Novo e
o Dia da Ascensão, os ministros deverão empregar toda a diligência para
prepararem sermões nos quais eles, especificamente, ensinarão a
congregação as questões relacionadas com o nascimento e ressurreição de
Cristo, o envio do Espírito Santo, e outros artigos de fé direcionados a
impedir a ociosidade”.
Além disso, a celebração da Páscoa fornece aos evangélicos um “gancho” e oportunidades para a veiculação da mensagem cristã, mencionando a morte e a ressurreição de Cristo, em ações de evangelização.
O
que dizer de diferentes símbolos, guloseimas e celebrações seculares
que são comuns, nessa época? Deve uma escola cristã emitir ou ter um
posicionamento fechado quanto a esses detalhes? Uma escola cristã deve
prezar a sua confessionalidade, considerando-a básica para a formação da
sua filosofia educacional e da cosmovisão pela qual o mundo e as
realidades espirituais são compreendidas, sempre firmada na revelação
especial – a Palavra de Deus.
Nesse
sentido, a escola cristã deve procurar se divorciar do apoio aos apelos
consumistas (nessas e em outras datas) e de simbologias que podem ser
aberrantes, ainda que tradicionais. No entanto, a escola cristã não
desconhece que abriga crianças e famílias de todas as culturas e credos.
Assim,
não pode firmar frente cerrada contra a orientação das famílias, às
quais cabe a compreensão e a tomada de decisão própria da persuasão que
estarão transmitindo aos seus filhos.
A
escola cristã, também, não procura avançar na esfera da igreja, à qual
cabe a instrução doutrinária detalhada àqueles que estão ligados a ela
de forma voluntária e por convicção de uma fé comum, ainda que, em suas
celebrações religiosas possa e deva fazer referência, sem apologias, ao
trabalho redentor de Cristo Jesus.
Resumindo,
a escola cristã necessita educar os seus alunos em todos os aspectos da
cultura, sem rendição a interpretações e ideologias que contrariam os
valores e princípios cristãos, mas sem assumir a obrigação, como
instituição, do convencimento religioso.
Esse
convencimento, ou conversão, é almejada e administradores e professores
cristãos devem, legitimamente, estar em oração e súplicas, pedindo a
Deus que ele utilize o testemunho de vidas, a excelência acadêmica, a
fidelidade aos fatos da história e a precisa exposição do universo na
realização de sua obra de chamamento pessoal.
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